Carne de segunda? Conheça o shoulder, alternativa para um churrasco mais barato
Também chamada de raquete, carne pode ficar macia e saborosa, caso seja bem preparada. Preço é mais em conta do que o da picanha, tradicional corte do churra...
Também chamada de raquete, carne pode ficar macia e saborosa, caso seja bem preparada. Preço é mais em conta do que o da picanha, tradicional corte do churrasco brasileiro. Carne de segunda? Conheça o shoulder, uma alternativa para um churrasco mais barato É possível fazer um churrasco de primeira com uma carne de segunda? A resposta é: sim, desde que o preparo seja correto. E dentro do universo das chamadas carnes de segunda, o shoulder, ou raquete, é a recomendação dos chefs ouvidos pelo g1 para que o churrasco fique mais barato e continue gostoso. “Você quer fazer um churrasco com um amigo, e a verba está curta? O shoulder é um baita corte democrático e vai muito bem”, resume o chef Daniel Lee, responsável pelo restaurante Bark Crust e um dos representantes brasileiros no campeonato mundial de carnes, o Pitmaster. Sabendo preparar, você faz qualquer carne ficar maravilhosa. Se você fizer um preparo correto, de ‘slow cook’ [cozimento lento], o shoulder fica supermacio”, complementa o chef Thiago Ribeiro, especializado em gastronomia saudável e responsável pela criação de receitas em restaurantes de carnes nobres do Brasil. Segundo ele, as pessoas estranham quando experimentam o shoulder e descobrem que o corte não é um desconhecido e poderia até ser enquadrado como uma carne de segunda convencional. Shoulder feito para um churrasco Fábio Tito/g1 “Carne de segunda”? Tradicionalmente, explicam os chefs, o que classifica uma carne como “de primeira” ou “de segunda” é sua maciez e a dificuldade de mastigação. Como o shoulder faz parte da paleta do boi, na região do ombro, ele teoricamente poderia entrar nessa classificação, mas isso não significa que ele seja menos gostoso ou de pior qualidade. A paleta está na parte dianteira do animal, e normalmente os cortes dianteiros são mais rígidos. Mas o shoulder, a raquete, é um dos cortes mais macios do boi, comenta o chef Daniel Lee. O shoulder é encontrado na paleta, que fica na parte dianteira do boi, e é conhecido como uma 'carne de segunda'. Arte/g1 Já Thiago Ribeiro diz que muitas pessoas se surpreendem com a maciez da carne quando provam o shoulder. Quando eu digo que é parte da paleta, ninguém acredita, porque essa é uma carne de segunda. Aí o pessoal diz: ‘se você faz carnes tão boas assim imagine se você pegasse uma de primeira'. Mas as carnes de segunda também são saborosas, diz Ribeiro. Para outros especialistas, a distinção entre carne de primeira ou de segunda já perdeu o sentido. Essa é a opinião, por exemplo, da chef Tatiana Bassi, dona do Templo da Carne, em São Paulo, que já foi eleito um dos dez melhores restaurantes de carne do mundo. Para ela, o que faz diferença não é a localização do corte, e sim a procedência do boi. “Nada é carne de segunda se o animal não for de segunda”, resume. A dica dos chefs para que o shoulder fique mais macio é retirar a membrana que divide o corte. Para fazer esse preparo, segundo Daniel Lee, basta utilizar uma faca bem amolada para empurrar a carne e separá-la da membrana (veja no vídeo acima). Assim, a peça se dividirá em dois bifes, que são comumente chamados de Flat Iron nas casas de carne. Membrana que divide o shoulder, de cor branca, fica no meio da carne e pode ser retirada Fábio Tito/g1 VEJA TAMBÉM: Preço das carnes sobe 5,8% em outubro; veja quanto variou cada corte O que o arroto do boi tem a ver com o aquecimento global? Você sabe o que analisar na hora de escolher a carne no mercado? Substituto da picanha? A picanha, um ícone do churrasco brasileiro, é também uma das responsáveis por torná-lo salgado, e o shoulder é uma alternativa para que a conta fique reduzida. O g1 pesquisou, em 11 de novembro, os preços dos cortes em cinco casas de carne e supermercados que estão localizados, ou que realizam entregas, na zona sul de São Paulo. O quilo do shoulder, ou da raquete, foi encontrado a partir de R$ 36, e o valor chegou a até R$ 95 em um produto premium. Para o quilo da picanha, essa variação ficou entre R$ 139,90 e R$ 219,90. O shoulder também se mostrou competitivo, e quase sempre mais barato, em relação a outra carne comum nos churrascos: a maminha, cujo quilo variou entre R$ 64,90 e R$ 95,90 nos cinco locais pesquisados. Preparo do shoulder para churrasco Fábio Tito/g1 No entanto, o consumidor que fizer uma comparação direta entre shoulder e picanha pode ter sua experiência frustrada, na avaliação de chefs e açougueiros ouvidos pelo g1. Na questão do sabor, eu acredito que seja bem diferente. A picanha, com aquela capa de gordura, traz outra suculência e outra experiência no paladar. O shoulder, não. Por ser da parte dianteira, da paleta, o shoulder tem uma irrigação sanguínea maior. Um gosto mais de ferro, digamos assim”, afirma o chef Daniel Lee. Dentro de açougues, a percepção é parecida. Leonardo Leite, diretor executivo da Sociedade da Carne, clube de assinatura de carnes, diz que é impossível comparar os cortes. “Se a sua preocupação é substituir o sabor e algumas características da picanha, o shoulder provavelmente não vai te atender. Agora, se você quer um corte que substitua em relação à maciez e suculência, aí o shoulder engloba tudo. É uma carne boa, macia, saborosa e mais barata para o seu churrasco.” Saiba como escolher a carne no mercado Atenção na hora de comprar De acordo com o chef Daniel Lee, os melhores locais para comprar o shoulder são as casas de carne ou mesmo o supermercado, onde o corte já chega devidamente separado pelo frigorífico. Em um açougue mais tradicional, diz o chef, a tarefa será mais difícil. O açougueiro precisaria desossar a paleta bovina para tirar a raquete, e esse processo é muito complexo, diz Daniel Lee. Leonardo Leite também diz que,o nome raquete, em português, pode ser mais eficiente para o cliente na hora da compra do que o americanizado shoulder. Muita gente nem vai saber o que é shoulder, afirma. Uma outra atenção é garantir a qualidade da procedência. Neste caso, a recomendação dos chefs é buscar carnes que sejam certificadas pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o principal responsável por assegurar a qualidade de produtos de origem animal. O SIF, selo emitido pelo Ministério da Agricultura, indica que o produto passou por uma inspeção Reprodução Mas também é possível identificar um bom corte com os próprios olhos, como explica o chef Thiago Ribeiro. “Quando você pegar uma peça de shoulder e ela for toda vermelhinha, provavelmente não vai ser uma peça tão macia. Isso independe da marca. Se você vir a gordura entremeada, bem no meio, já é sinal de que é uma carne mais macia.” Initial plugin text Veja as receitas com o shoulder que os chefs indicaram ao g1: Shoulder no churrasco com molho de alho Chef Tatiana Bassi Ingredientes: 1 peça inteira de shoulder (sem a membrana) Azeite extra virgem 250 ml 5 dentes de alho 2 pimentas dedo-de-moça, sem semente, cortadas em tira 1 ramo de alecrim ou tomilho Sal grosso Sal flocado Modo de preparo: Comece temperando o shoulder com sal grosso, retire o excesso e leve a peça inteira a 15 cm de distância da brasa bem potente (sem labareda). Sele a peça dos 2 lados por aproximadamente 5 minutos. Depois, quando retirar a carne, espere 5 minutos para que o líquido se redistribua na peça e então corte em pedaços de tamanho médio, de 250g. Leve novamente a 15 cm de distância da brasa para finalizar o ponto da sua preferência. Faça isso dos dois lados por aproximadamente 5 minutos. Retire da churrasqueira e espere de 2 a 3 minutos antes de cortar para que o sumo se redistribua e a carne não perca a suculência. Corrija o sal com flor de sal se necessário (sal flocado). Molho de alho: Posicione uma panela de ferro (350ml) na grelha da churrasqueira, no fundo (parte mais quente), e deixe sem tampa. Insira 250ml de azeite extra virgem, 5 dentes de alho, 2 pimentas dedo de moça sem semente e cortadas em tiras e 1 ramo de alecrim ou tomilho. Espere até levantar fervura e o alho ficar macio. Depois disso, sirva à vontade no shoulder. Shoulder com vinagrete de abacaxi: Chef Daniel Lee Ingredientes: 400g de shoulder (sem a membrana) Porção de arroz 1 abacaxi 2 cebolas roxas ½ maço de salsinha Limão siciliano Azeite Sal Pimenta-do-reino Modo de preparo: Pique o abacaxi, a cebola roxa e a salsinha em cubos pequenos. Misture tudo em um bowl com azeite e limão siciliano e depois tempere com sal e pimenta-do-reino. Em seguida, divida o shoulder em bifes com 2 dedos de espessura. Em uma frigideira, adicione um fio de azeite e duas colheres de sopa de manteiga (sem sal). Coloque o shoulder e deixe por 4 minutos de cada lado até formar uma boa crosta. Ao final, adicione mais uma colher de manteiga, 1 dente de alho inteiro e tomilho e regue a carne por 1 minuto, deixando-a descansar por cerca de 5 minutos. Depois, pode servir a carne com o vinagrete de abacaxi e arroz. Shoulder acompanhado de vinagrete Fábio Tito/g1 Flat Iron Brulè com palmito e vinagrete Chef Thiago Ribeiro Ingredientes do Flat Iron: 1 kg de shoulder ou Flat Iron (shoulder sem a membrana) 100ml de shoyu de coco 2 colheres de chá de sal 2 colheres de sopa de azeite extra virgem 1 colher de café de pimenta-do-reino 50g de mostarda dijon 30g de açúcar de coco Ingredientes do palmito: 1 palmito pupunha in natura 3 colheres de sopa de manteiga (intolerantes à lactose podem usar manteiga de coco) Salsinha picada a gosto 6 ramos de tomilho 2 dentes de alho picados Sal e pimenta a gosto 4 ramos de alecrim Ingredientes do vinagrete: 1 cebola roxa grande 2 tomates firmes não muito maduros Salsinha com o talo 50ml de vinagre 100 ml de azeite extra virgem 1 colher de chá de mel (opcional para reduzir a acidez) Sal a gosto 2 pedras de gelo Modo de preparo: Coloque o shoyu de coco em uma tigela. Misture o sal e a pimenta-do-reino. Tempere o shoulder com esta mistura, massageando a carne e deixando-a descansar por 1 a 2 horas para absorver bem os temperos. Depois, escorra os líquidos e acrescente o azeite na carne já temperada e massageie novamente. Neste ponto, você pode escolher o método de preparo de sua preferência; este corte é de cocção rápida, então pode ser feito na brasa, na chapa ou frigideira. O importante é que a carne fique ao ponto. Depois , deixe-a descansar por 5 minutos antes de finalizar para os líquidos da carne se rearranjarem. Passe uma camada de mostarda dijon na carne e salpique o açúcar de coco por cima. Coloque a carne no forno, em temperatura máxima, e deixe-a posicionada na parte alta. Se seu forno tiver a função gratinar, use-a; senão, dois minutos são o suficiente para derreter o açúcar e finalizar o preparo. Uma alternativa é aquecer uma faca e passá-la por cima do açúcar para ter o mesmo efeito de derretimento. Por fim, fatie a carne e sirva em seguida. Palmito: Embrulhe o palmito pupunha com papel manteiga e depois coloque uma camada de papel alumínio. Leve ao forno preaquecido a 250ºC por cerca de 50 minutos. Enquanto isso, misture a manteiga com salsinha, tomilho, alho, sal e pimenta-do-reino e reserve. Retire o palmito do forno, desembrulhe e espete com um garfo para verificar se está macio. Fatie o palmito ao meio e espalhe a manteiga de ervas nas duas partes do palmito; depois, acomode os ramos de alecrim por cima. Retorne ao forno sem papel alumínio por mais 15 minutos ou até dourar. Vinagrete: Pique a cebola e a salsinha com os talos. Corte os tomates ao meio, retire as sementes e pique bem. Coloque todos os ingredientes em uma tigela e acrescente mel, vinagre, azeite e sal. Depois, misture bem. Por último, coloque duas pedras de gelo, misture e sirva. Em que parte do boi fica a picanha e a paleta? Dê o play no game abaixo VEJA TAMBÉM: Por que tem tanto boi na Amazônia? 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